Existe uma discussão no ambiente do Carnaval Carioca que é latente, antigamente as agremiações escolhiam seus enredos de acordo com fatores técnicos ou históricos, sempre com aval e apoio de suas comunidades. Seria, por exemplo, a idéia da Mangueira falar em seu enredo sobre Cartola, a Portela sobre Madureira, Uma escola X sobre a paixão do Carioca por Futebol, como a Estácio de Sá já fez um Enredo sobre o Flamengo e assim vai....
Depois de escolhido o Enredo as escolas saiam em busca de patrocínio para operacionalizar o carnaval, seus desfiles eram feitos com mais ou menos pompas em virtude dos recursos arrecadados, porém, em todos os casos, a paixão, o entusiasmo e o comprometimento da comunidade era total, faziam parte, integravam todos os níveis das decisões, inclusive e principalmente a escolha do Enredo do Carnaval.
Parece que hoje isso acabou, os Enredos são "comprados", ou seja, primeiro se pensa no patrocínio, vai em busca, com a grana garantida é escolhido o Enredo, uma grande inversão de valores, a festa popular passa a ser uma festa capitalista, a comunidade, grande força motriz do Carnaval de qualquer escola de samba, é posta em segundo plano, como consequência os desfiles ficam cada vez mais grandiosos, com efeitos especiais e um tanto quanto artificiais.
O que muitos esquecem é que o glamour, o charme do carnaval de outrora está justamente na entrega, no amor da comunidade com a escola.
Poucas escolas conseguem, ainda, manter acesa esta chama, a Beija Flor é uma delas, até quando...Sinceramente não sei....
Segue abaixo noticia que li hoje no Blog do Ancelmo...tirem suas próprias conclusões.
A rádio corredor que toca na Cidade do Samba informa que a Beija-Flor deve ser a escolhida para levar à Sapucaí o enredo sobre os 50 anos de Brasília.
Junto, vem o patrocínio que faz salivar os cartolas do carnaval: R$ 7 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário