Segue trecho de uma reportagem do JB ONLINE sobre Educação. Vale a leitura.
Assistimos hoje a um amplo debate sobre a reformulação do Ensino Superior, com propostas novas ou não tão novas sendo exaustivamente discutidas, e o grande objetivo é certamente valorizar este nível de ensino. Muitos perguntam os motivos pelos quais fazer um curso superior num país que parecia, até pouco tempo atrás, ter tão pouco apreço pelo estudo como forma de vencer na vida.
Certamente, respeitabilidade estará entre as respostas. Felizmente, em que pese o pouco crédito anterior no estudo formal, em parte pelas dificuldades de acesso, em parte pela espera por um milagre, ainda somos um país que acredita em educação como caminho para termos a admiração e a confiança daqueles que estão ao redor.
Respeitabilidade também significa certa pretensão a ter opiniões acatadas, a conduzir, a ser, mesmo que em pequena escala, uma espécie de líder. Liderar é bom, se temos confiança de que o caminho que eventualmente apontamos é o mais correto. Mesmo que existam vários outros também muito bons.
Dinheiro é outra das respostas possíveis. Queremos ter uma família, livros, viajar, casa, lazer, roupas boas e duráveis.
Dinheiro compra belos objetos que vamos colecionando ao longo da vida, que nos lembram pessoas, lugares, acontecimentos, compõem nossa memória e nos tornam mais humanos, embora possam também, por algum desvio, nos tornar competitivos e ferozes. Dinheiro efetiva e completa a respeitabilidade.
Contudo, também queremos nos realizar, dizer a que viemos, e nada melhor para isso do que um belo trabalho, um ofício digno, que nos faça felizes no mínimo oito horas por dia. Algo que nos tire da cama todas as manhãs cheios de garra, e nos permita mostrar aquilo que temos de melhor, de mais talentoso, de mais eficiente. Seguramente, nenhuma criança fez planos de um dia vir a ser um delinquente, exceto quando percebeu que esta era a melhor forma de ter respeitabilidade em seu meio. Ninguém sonha ser considerado um tolo, um fraco, um palerma.
Mas, se há uma resposta mais apropriada para a valorização do ensino, esta é a procura por empregabilidade, já que uma das mais importantes funções das instituições de educação superior é a qualificação profissional, além de preparar os trabalhadores de que toda a sociedade necessita. Afinal, como ser um brilhante advogado em um escritório sem uma excelente secretária, por exemplo?
Muito provavelmente por este motivo, vemos hoje uma crescente demanda de alunos advindos de pequenas comunidades ao ensino superior. A expansão da malha viária, das informações sobre o mercado de trabalho sobre as vantagens da educação formal, a pressão social, tudo isso colabora para a presença em salas de aula desses estudantes.
Wanda Camargo
Presidente da Comissão Central do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil)
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