segunda-feira, 29 de junho de 2009

Abandono da Ciclovia Lagoa - Botafogo!

Reportaem do JB ON LINE denuncia o que os frequentadores do local já estão cansados de saber, a ciclovia Botafogo - Lagoa está completamente abandonada pelo poder público, segue abaixo trecho da reportagem.

JB ON LINE

Domingo, fim de tarde. O azul-escuro do céu contrasta com a luz amarelada que ilumina a ciclovia na altura da Fonte da Saudade, entre Lagoa e Humaitá. Eduardo Vieira, de 32 anos, para no sinal antes de enfrentar a subida pelo canteiro central da rua Humaitá. Acostumado a fazer o trajeto entre a PUC, na Gávea, e a rua São João Batista, no coração de Botafogo, o ciclista suspira: "Essa ciclovia é um lixo".

A ciclovia Lagoa-Botafogo é repleta de desvios e percalços. O percurso começa na rua Frei Veloso, logo após o viaduto de acesso ao túnel Rebouças, sobe a rua Humaitá pelo canteiro central, atravessa para a Visconde Silva, continua na Mena Barreto até o final do prédio de Furnas; de lá, desce a rua São João Batista até a General Polidoro, de onde segue para a rua da Passagem para chegar à rua Prof. Álvaro Rodrigues e o viaduto Pedro Álvares Cabral, de frente para a Baía de Guanabara. São cinco travessias entre calçadas em três quilômetros e meio de ciclovia - ou quase isso, já que em diversos lugares a marcação desaparece. "São só pedaços de calçada, ela começa e acaba do nada", aponta Carolina Souza, 30 anos, ciclista no lazer e no trabalho. "Uso muito a bicicleta como meio de transporte, além de atividade física. E acaba que me sinto mais segura andando pela rua do que pela ciclovia."

Carolina não está sozinha: a rua é a principal opção para quem pedala. O que não significa tranquilidade para os ciclistas. "Mesmo o asfalto é ruim demais. E volta e meia tem carro fechando o ciclista", diz Edson Silva, de 27 anos. Edson entende do assunto - é entregador de uma farmácia da rua Humaitá. Perguntado sobre o trajeto da ciclovia, se confunde: "não conheço direito, não. Quase não uso".

"A ciclovia de Botafogo - como a Tricolor, em Laranjeiras - foi traçada de dentro de um escritório, sem levantamento de campo. Não vale nem a pena reformar, teria que ser completamente refeita", conta Eduardo Bernhardt, da ONG Transporte Ativo. "Para o governo, ela está suspensa." Segundo Eduardo, a rua pode ser a melhor solução para os ciclistas - principalmente. Ele comenta a eficiência das ciclofaixas - faixas diferenciadas traçadas no asfalto. "Do jeito que é a ciclovia de Botafogo, ela acaba jogando contra a ideia de uma ciclovia: além de ruim, tira muito espaço do pedestre, que é o mais oprimido nessa história toda". Para Eduardo, além de garantir o espaço dos ciclistas, a ciclofaixa ajuda na educação dos motoristas.

"Na Av. Princesa Isabel, em Copacabana, há alguns anos foi pintada uma faixa azul para a meia maratona. A faixa é estreita, da largura de uma bicicleta. Até hoje, o ciclista que pedala por essa faixa é respeitado pelos carros", comenta. "A ciclovia é muito agressiva. É claro que eu adoraria andar na ciclovia em todas as ruas, curtindo o vento sem me preocupar. Mas não funciona".

Ele lembra que o Código de Trânsito Brasileiro prevê o tráfego de bicicletas nas ruas, mas que na prática isso é complicado. "E aí, entre o código e a realidade, preferimos ações educativas. E a ciclofaixa tem importância inclusive para quem não tem experiência em pedalar, que ganha um espaço onde se sente seguro".

Um comentário:

  1. O comentário de Eduardo Bernhardt é perfeito. Essa ciclovia nem mesmo existe na prática, é só um desenho na calçada. Talvez a melhor opção seja a criação de uma ciclofaixa como a criada em Copacabana para a integração Lagoa-Botafogo.

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